quinta-feira, 14 de julho de 2011

TCHAU, AMIGINHAA

Tive uma aluna que foi promovida pra AMIGA.
E que, esses dias, voltou pra casa pro Céu. Daí me lembrei desse texto da Emília e fiz um logo abaixo. Essa amiga me chamava de Cabresto ou de Pescador de Ilusões.



"A vida, Senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos - viver é isso. É um dorme e acorda, dorme e acorda, até que dorme e não acorda mais. [...] A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso. Um rosário de piscados. Cada pisco é um dia.

Pisca e mama;
pisca e brinca;
pisca e estuda;
pisca e ama;
pisca e cria filhos;
pisca e geme os reumatismos;
por fim pisca pela última vez e morre.

- E depois que morre? - perguntou o Visconde.

- Depois que morre, vira hipótese. É ou não é? "

(Monteiro Lobato- Memórias da Emília)





O PESCADOR (À AMIGA AGATHA)

Eu vivia como um pisca-pisca
pescando de sono
Num cosntante liga-e-desliga
Acordei com um estouro das ondas
e a maré levou minha amiga
pro mar da vida
pro fundo
água de
sal
da
de
mas não a levou inteira
Por isso ainda fico na beira
pescando lembranças
sorrisos
festa eterna
tamanha alegria
que irradia
que parece alergia
contagia
desnubla o dia-a-dia
Ela é do tipo de ser que no mundo estagia
Por tempo bem breve
carga horária bem leve
porque é assim que deve
Ser
de Luz
Um Anjo nasce
Agora na face
do Céu
Chora, berra
e eu aqui da Terra
Penso que ela morreu
Mas o morto sou eu
Não é depois do enterro
Que começa o pós
Isso é um grande erro
Pois morto aqui somos nós.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Primo Preto

Primo, primo, de verdade
Esse primo não é, não.
Mas é primo há tanto tempo
Que é bem mais que outros que são.
Porque a gente não se entende
E, mesmo assim, se defende,
Como amigo, como irmão.

Primo meu porque o conheço
Desde quando era criança.
Primo meu porque a amizade
Nossa briga e nunca cansa.
Primo meu porque mereço
Primo meu por endereço
Prim meu por vizinhaça.

Leva a vida pela arte
Assim reconhece o mundo
Nessa arte que se apega
Ao sentir-se moribundo
Arte musicada, escrita
piintada, esculpida, dita
Dela que tira seu fundo.

Nossas orações coordenam
Embora haja diferenças
Mas, sendo adversativas,
Dirigem-se a mesma crença.
Deus é nosso Verbo inquieto
E nós somos o objeto
De uma única sentença.

Muito obrigado, meu primo
Por todas tantas lições
Por presenças e conversas
E por todas orações
Pelas viagens a Minas
Pelas Santas Catarinas
Pelos versos e canções

(Lembra seu presente de aniversário que nã oqueria sair, Maurício? Saiu. Agora, grita aqui no muro e vem pegar seu vinho e seu sacarrolhas)

terça-feira, 22 de setembro de 2009

MEU CARO PAI,

Meu caro pai, perdoe e picaretagem,
Pois esse filho andou ausente
Não manda carta, e nem se quer uma mensagem,
E muito menos um presente

Aqui em São Paulo estou jogando futebol
Escuto Samba, MPB e Rock&Roll
Eu sigo o Princípio do Relógio de Sol
Mas o que eu quero lhe dizer é que a coisa aqui ta boa
Muita garoa, trânsito e inundação

E a gente vai levando de forma bem humorada
A gente vai brincando porque sem uma risada
Ninguém segura esse rojão


Meu caro pai, fiz um Curso Superior
De Letras, de Licenciatura
Mas por desleixo, por preguiça, ou o que for
Não terminei a Formatura

Aqui em São Paulo estou jogando futebol
Escuto Samba, MPB e Rock&Roll
Eu sigo o Princípio do Relógio de Sol
Mas o que eu quero lhe dizer é que a coisa aqui ta boa
Estava à toa, mas já arrumo a situação

Agora, estou pronto pra pagar todos meus ágios
Dar duro, forte e firme, e terminar os meus estágios
Que, sem diploma, não dá, não


Meu caro pai, eu tenho lido e escrito bem
Sou cheio de criatividade
Desenho, toco, canto e conto também
Tenho um grupo de atividades

Aqui em São Paulo estou jogando futebol
Escuto Samba, MPB e Rock&Roll
Eu sigo o Princípio do Relógio de Sol
Mas o que eu quero lhe dizer é que a coisa aqui ta boa
Muita careta, pra fazer recreação

Que a gente vai guardando a cultura e a memória,
Passando educação com tanta contação de história
Que daqui uns dias, não sei, não


Meu caro pai, estou muito bem de coração
Eu conheci uma magrela
Com quem eu sonho e também troco discussão
Eu sei que gosto muito dela

Aqui em São Paulo estou jogando futebol
Escuto Samba, MPB e Rock&Roll
Eu sigo o Princípio do Relógio de Sol
Mas o que eu quero lhe dizer é que a coisa aqui ta boa
Seu filho voa sempre aí, por oração

E aviso que começo a fazer minha maleta
E no final do ano, bato aí na maçaneta
Quem sabe, a mãe e meu irmão

segunda-feira, 6 de julho de 2009

O não-não

O não inexiste.
É só um sim que não quer ser.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Subrinha Jacobina

Em Jacobina tenho uma sobrinha
como eu

A pessoa mais legal do mundo com 15 anos de idade
como eu

Gosta de violão
como eu

De escrever
como eu

Sonha ser palhaça
como eu

Ama a vida e as pessoas e se preocupa com a vida e com as pessoas
como eu

Sente as dores do mundo
como eu

É linda por dentro
como eu

Impressiona-me a todo momento
como eu
como ninguém

Fe Zuh

Parece brincadeira
O nome de algumas pessoas
O modo como as conhecemos
O modo como depois dela eu tornei-me outro eu
E também nos tornamos pouquinho do seu
Como pode?
Elas vão ficando bonitas, conforme a gente vai gostando

E temos medo de sentir saudades
Até que ela chega
e ala (a pessoa) se vai
E vemos que a saudade dói, mas nem tanto

Que já que sou um pouquinho dela, agora,
É como se ela estivesse aqui, ainda.

Um ladrão de fé

É noitinha. Dentro do templo religioso, o homem que tem de falar fala, enquanto os que escutam escutam. Belas palavras, bem escolhidas. Lições Cristãs.

De repente. O discursante é petrificado com a imagem de um homem armado que invade a Casa do Pai:

-É o seguinte: quero saber quem tem fé de verdade, aqui drento, que eu vô metê bala.

O silêncio.

-Anda, gente! Quem crê, aqui? Quem tem fé levanta a mão, que vai levá chumbo!

Todos hesitam. Tentam erguer as mãos, mas uma força maior não permite.



Resumindo a história: Não houve levantamento de mão alguma.

E o ladrão foi embora, satisfeito com o assalto.

Havia roubado a fé daquela gente.